O Boletim Agropecuário de janeiro mostra que Santa Catarina fechou o ano de 2021 com uma estimativa de crescimento de 76% na área plantada de trigo em relação à safra anterior e uma produtividade 15% maior. A publicação também destaca crescimento de 10,5% nas exportações catarinenses de carne suína e de 6,3% na exportação de frangos em relação a 2020. O Boletim Agropecuário é um documento emitido mensalmente pela Epagri/Cepa com a análise econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.

Confira como o mercado se comportou na produção de grãos, carnes, leite e hortaliças em dezembro de 2021.

Trigo

No mês de dezembro, as cotações de trigo tiveram ligeira alta no mercado catarinense com aumento de 1,08% em relação a novembro, fechando o mês em R$ 86,70/saca 60 kg. A variação anual de preços, em termos nominais, foi 20,23% superior ao preço médio praticado em dezembro de 2020.

Em relação a área plantada, Santa Catarina fechou o ano com uma estimativa de crescimento de 76% em relação à safra anterior. A produtividade também cresceu em média 15%. Como resultado, estima-se uma safra maior em cerca de 102%, com uma produção total estimada de 348 mil toneladas. Condições climáticas extremas, como ventos fortes, estiagem e granizo, marcaram a última safra e esses fatores comprometeram a qualidade e quantidade dos grãos colhidos.

Feijão

O preço médio pago aos produtores catarinenses de feijão-carioca no mês de dezembro recuou 5,45% em relação ao mês anterior, fechando a média mensal em R$216,61/sc 60kg. Já para o feijão-preto, os preços tiveram variação positiva de 2,57% no último mês, fechando a média de outubro em R$237,64/sc 60kg. Neste mês, as cotações do feijão-preto superaram as do feijão-carioca carioca, o mercado passou a valorizar mais o feijão-preto em função da perda de qualidade do feijão-carioca.

Nas primeiras semanas de dezembro, que marcam o fim da primavera e o início do verão no hemisfério sul, o clima tem apresentado forte influência das condições de La Niña, com o registro de baixas precipitações na Região Sul. Em Santa Catarina, até a última semana de dezembro, 100% da área destinada ao plantio da safra 2021/22 de feijão 1ª safra já havia sido plantada. Por outro lado, em função de uma janela de plantio bastante ampla no estado, as operações de colheita avançaram, chegando a 17%.

A cultura do feijão foi uma das mais atingidas pela estiagem durante o mês de dezembro. As chuvas que ocorreram após o dia 20 de dezembro não amenizam as perdas, uma vez que a maioria das lavouras de feijão do estado tiveram concentração das fases de floração e granação em dezembro. Da mesma forma, a ocorrência de chuvas no início de janeiro não reverteu as perdas já confirmadas.

Soja

A estiagem reduz a expectativa da produção de soja no Estado. A estimativa de perdas feita até dia 15 de janeiro demonstram cerca de 29% de redução da produção do Estado em média em relação ao prognóstico inicial para safra 2021/2022. Em termos absolutos representa mais de 700 mil toneladas.

A estiagem está afetando diferentemente as regiões, os cultivares de ciclo precoce foram os mais afetados. O preço médio na primeira quinzena de janeiro de 2022 reage para próximo de R$170,00. O cenário atual mostra uma tendência de sustentação dos preços nos mercados externo e interno associada a estoques/consumo global e clima adverso para as lavouras da região Sul do Brasil e na Argentina, em decorrência do fenômeno La Niña.

Milho

Para o período de 2021/2022 foi estimada uma produção de 2,79 milhões de toneladas (MT) de milho grão na primeira safra. O déficit hídrico em dezembro e janeiro/2022 se intensifica em várias regiões. O impacto no rendimento das lavouras já está sendo registrado em diferentes intensidades nas regiões. As chuvas irregulares e mal distribuídas no período levam a um cenário distinto nas regiões e até entre localidades próximas. Em várias regiões o efeito da estiagem acarreta perdas na produção. No âmbito estadual as perdas estão em média de 43% relativo ao prognóstico inicial e produção em safras normais.

Em janeiro de 2022, com as incertezas da atual safra de verão os preços avançam, registrando R$95,00 a saca. A forte estiagem em curso (dezembro/21 e janeiro/22) em toda região Sul do Brasil e Mato Grosso do Sul estão provocando a alta do produto, conforme o registro das cotações diárias de preço ao produtor no Estado.

Arroz

Preços do arroz seguem em queda. Maior parte das lavouras estão em floração e com bom desenvolvimento. Seguem as preocupações com relação às altas temperaturas, que podem prejudicar a produtividade.

Alho

Em 2021, o alho nacional se manteve em alta no mercado. O produto teve boa aceitação pelos consumidores em função da qualidade e também pela perda de competitividade do alho importado, seja pelo aumento do custo do frete marítimo ou pela relação cambial favorável ao produto nacional. O Brasil fechou o ano com a importação de 125,7 mil toneladas, a menor dos últimos anos. Nesse sentido, 2021 pode ser considerado um bom ano para a cultura do ponto de vista produtivo e da rentabilidade da atividade, embora o aumento do custo de produção para a atual safra.

Em Santa Catarina foram plantados 1.808 hectares, crescimento de 5,3% em relação à estimativa inicial da safra. A expectativa de produção da hortaliça em Santa Catarina para esta safra é de 19.109,5 toneladas, com um rendimento médio esperado de 10.569 kg/ha. A comercialização da atual safra está no início e os preços ao produtor desde dezembro estão na faixa de R$6,00/kg para as classes 2 e 3, R$10,00/kg para as classes 4 e 5 e, R$12,25/kg para as classes 6 e 7.

Cebola

O ano de 2021 foi positivo para a cultura da cebola em Santa Catarina. A comercialização da safra 2019/20, apesar das perdas ocorridas pela estiagem e granizo, obteve preços médios acima de R$2,00/kg. Com isso, a maioria dos produtores comercializaram a produção com boa rentabilidade. A comercialização da safra 2020/21 segue normal com preços entre R$1,80/kg e R$1,90/kg, embora a margem seja menor que na safra passada, a atividade é rentável para a maioria dos produtores.

Na safra 2020/21 da cebola em Santa Catarina foram plantados 17.458 ha com expectativa de produção em torno de 500 mil toneladas. A boa recuperação das lavouras no final de novembro propiciou a produção de bulbos de excelente qualidade para o mercado, facilitando o processo de comercialização para os produtores, tanto pela valorização da mercadoria quanto pela possibilidade de armazenamento por tempo maior. A colheita das lavouras está praticamente concluída e a comercialização da safra já supera os 35% da produção na região do Alto Vale do Itajaí.

Bovinos

Os preços do boi gordo em Santa Catarina acompanharam o cenário nacional, que apresentou oscilações ao longo do ano passado, decorrentes do baixo volume de animais disponíveis para abate e do crescimento das exportações, além da ocorrência de dois casos de encefalopatia espongiforme bovina (“vaca louca”), que interromperam as exportações brasileiras para a China durante alguns meses.

Na comparação entre os preços de dezembro de 2021 e aqueles praticados no mesmo mês do ano anterior, há variações bastante significativas nas duas praças de referência do boi gordo em Santa Catarina: 27,2% em Lages e 17,7% em Chapecó. A média estadual, elaborada a partir dos preços de 10 praças de coleta, apresentou alta 20,3%.

Frango

Santa Catarina, por sua vez, exportou 1,03 milhão de toneladas em 2021, crescimento de 6,3% em relação da 2020. As receitas foram de US$1,84 bilhão, alta de 22,8% em relação ao ano anterior. O estado respondeu por 24,5% do valor das exportações brasileiras de carne de frango em 2021, percentual semelhante ao ano anterior, quando a participação catarinense foi de 25,0%.

No âmbito do mercado interno, o ano de 2021 foi marcado, entre outras coisas, pela elevação das cotações do frango vivo e dos preços de atacado da carne de frango, na comparação entre dezembro/2020 e dezembro/2021: 29,6% e 33,4%, respectivamente. Também se registrou alta expressiva nos custos de produção nesse período (18,0%).

Suínos

As exportações catarinenses de carne suína apresentaram crescimento significativo em 2021: foram embarcadas 578,52 mil toneladas, aumento de 10,5% em relação ao ano anterior. As receitas apresentaram incremento ainda mais expressivo: US$1,40 bilhão, alta de 19,0%. Tais resultados representam recordes históricos nas exportações de carne suína do estado, tanto em valor como em quantidade.

Santa Catarina foi responsável por 51,7% da quantidade e 53,4% das receitas brasileiras com exportação de carne suína em 2021. China e Hong Kong responderam por 64,1% do valor das exportações catarinenses de carne suína no ano passado.

Leite

Resumo de 2021: produção em queda, preço médio recebido pelos produtores catarinenses parecido com o de 2020, custos de produção em alta, redução da rentabilidade dos produtores, importações diminuindo e exportações aumentando.

Fonte: Agrolink com dados da Epagri.

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