Isso mesmo, a Cravil, em parceria com a Epagri, desenvolveu um trabalho em uma cultivar de azevém originária do Alto Vale que, após anos de pesquisa e avaliações, foi devidamente registrada no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura (MAPA): é o Azevém SCS 316 CR Alto Vale.
Entre as principais características do Azevém Alto Vale, está o ciclo alongado comparado a outras variedades, a alta capacidade de rebrota, adaptação a várias realidades climáticas, e ótima produção de matéria verde. De acordo com o gerente de inovação, sementes e tecnologia Cravil, Gentil Colla Junior, o material tem se mostrado, também, tolerante a doenças que vinham ocorrendo nos últimos anos em forrageiras.
A análise bromatológica do SCS 316 confirmou o bom desempenho da planta e pode ser igualmente comparada a variedades importadas da Argentina ou Uruguai. A proteína bruta ficou entre 19 e 25%, já o índice de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) entre 58 e 65%. “O Azevém Alto Vale está entre os melhores em termos de nutrientes, um alimento que sustenta o rebanho”, ressaltou o técnico em agropecuária Cravil, especialista em pastagens, Raul Marcola que há 20 anos acompanha o desenvolvimento da variedade.
O associado Cravil, produtor rural na Serra dos Índios em Presidente Getúlio, Osnir Berkenbrock, semeou o Azevém SCS 316 CR Alto Vale pela primeira vez, e aprovou o desempenho da variedade. “Apesar da seca, foram 40 dias de sol quando eu semeie, a hora que choveu ele germinou rápido, tanto que 25 dias depois o azevém já estava pronto para o primeiro corte. O potencial de rebrota também impressionou, 15 dias depois do primeiro já fizemos o segundo”.
O coordenador de área, técnico em agropecuária Cravil, que acompanha os produtores do Vale Norte, Claudio Schmitt, destacou que apesar de ser ainda uma novidade, os comentários sobre a variedade SCS 316 são positivos. “A velocidade de crescimento e a resistência a doenças são as principais características até agora”.
O produtor de Chapadão do Lageado, associado Cravil, Adenilson Lehmkuhl, disse que valeu o investimento. “Justamente nesse ano atípico, com pouca chuva, o material se desenvolveu bem. A gente observa que por onde o gado passa ficam poucas manchas, o pastoreio é parelho, ou seja, a palatabilidade parece bem melhor”.
A técnica em agropecuária que atua na região de Ituporanga, Scheila Fabemel, que também acompanha algumas áreas com o Azevém Alto Vale, ressaltou que a avaliação está sendo minuciosa para que seja possível tirar o máximo de rendimento da forrageira de inverno. “O material se desenvolveu bem, está crescendo rápido, o animal está se alimentando e retornando em produtividade de leite. A estimativa é que esse azevém se estenda um pouco mais no campo, produzindo massa verde até novembro”.
Avaliação de desempenho
Mesmo diante dos resultados das avaliações oficiais com protocolo VCU (Valor de Cultivo e Uso) a Cravil e a Epagri continuam acompanhando o desenvolvimento do Azevem SCS 316 CR Alto Vale em diferentes propriedades. A Cravil colocou o material dentro das Extensões Tecnológicas de Pastagens, na propriedade de cinco associados da Cooperativa em cinco municípios diferentes. As informações geradas nessas Extensões Tecnológica servirão como base de posicionamento técnico e desempenho para a equipe técnica Cravil e também para produtores.
O técnico em agropecuária Cravil, Gustavo Galvani que coordenou uma das áreas de Extensão Tecnológica, em Petrolândia, fez um ensaio comparativo de resposta a adubação. “Respeitando a altura de corte padrão, de 10 a 12cm, comparamos o azevém na área testemunha - padrão produtor, outra com utilização de enxofre, e uma terceira com enxofre mais adubação. A quantidade de massa verde por metro quadrado saiu de 755 gramas e alcançou 1.786 gramas. No gráfico abaixo é possível visualizar melhor o resultado”.
Além das áreas de Extensão Tecnológica Cravil, e produtores da região do Alto Vale que adquiriram a semente do SCS 316 CR Alto Vale, a Epagri está com outras 40 propriedades demonstrativas, espalhadas por regiões distintas de Santa Catarina. Segundo o agrônomo e pesquisador em Plantas Forrageiras e Produção Animal, gerente da Estação Experimental da Epagri em Lages, Ulisses Córdova, o 316 é um material precoce com ciclo intermediário a longo, com alta capacidade de rebrota, adaptação a várias realidades climáticas e ótima produção de matéria seca. “Todas essas propriedades são acompanhadas por extensionista e pesquisadores da Epagri o que vai nos permitir ter uma avaliação mais completa dessa cultivar que se mostra altamente vantajosa”, explicou Córdova.
Pesquisa e desenvolvimento
De acordo com dados de associados Cravil, a cultivar hoje denominada de Azevém SCS 316 CR Alto Vale existe na região desde o final da década de 1960. “Nosso trabalho foi de resgate dessa cultivar de azevém que foi salva por alguns associados, depois de anos de avaliações próprias, levamos o projeto até a Epagri que entrou com sua equipe técnica e de pesquisa e nos ajudou no desenvolvimento do Azevém Alto Vale, agora devidamente registrado e já em comercialização”, explicou o presidente Cravil, Harry Dorow.
Rudri Krause, associado Cravil de Lontras, conhece a variedade há mais de 40 anos e foi ele que salvou as sementes desde então e contribuiu para que o Azevém SCS 316 CR Alto Vale se tornasse uma cultivar comercial. “A genética dele sempre foi muito superior a outras variedades que a gente tinha. Na nossa propriedade só usamos essa há mais de 40 anos, fui salvando sementes de um ano para outro, e hoje forneço a semente genética para a multiplicação comercial”.
O agrônomo e pesquisador em Plantas Forrageiras e Produção Animal, gerente da Estação Experimental da Epagri em Lages, Ulisses Córdova, explica que as avaliações iniciais da variedade iniciaram em 2008 e em 2013 foi implantado o protocolo VCU em três regiões de Santa Catarina por dois anos: Ituporanga, Lages e Canoinhas. “Em todas as regiões o SCS 316 foi o mais produtivo, o que possibilitou o registro no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)”.
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